

É sexta-feira. Como em todas as semanas, hoje a base central dos madgermanes (grupo de trabalhadores regressados da República Democrática Alemã, muitos dos quais compulsivamente) estava ao rubro. Ante a curiosidade de um pseudo-bloguista intrometido, afastaram-se para que a base se exibisse e, claro está, para despistar o eventual bufo. Os riscos são sérios! Há vários anos que, enfrentando a prepotência do Estado, reivindicam o pagamento de pensões e indemnizações a que têm direito ao abrigo dos acordos de cooperação assinados entre Moçambique e Alemanha. Entre duas ou três cervejas, na base, partilham-se palavras de ordem, desvendam-se as contingências da luta que se trava e aprimoram-se críticas conta o governo, os EUA, o Banco Mundial, enfim, contra os «donos do Mundo», como eles próprios, com sarcástica mestria, os catalogam. É um movimento de luta solitário, sem precedentes na história de Moçambique. Das organizações e movimentos que se assumem como arautos dos desfavorecidos e do sonho de um outro mundo, contam apenas com um silêncio tenebroso. Porque será?