Tuesday, May 16, 2006

Paro por alguns dias. Até breve.

Monday, May 15, 2006

Mata-bicho solidário

À beira da estrada, doze mulheres compõem o mata-bicho dos operários da zona portuária. Asseguram que a concorrência não asfixie ninguém, cada uma especializa-se na venda de um produto que engorda o cardápio: sopa, pão, badjia, chá, salada, refrigerantes e outros. A sopa é sempre de feijão, uma exigência dos homens que têm que aguentar o dia e o peso de mercadorias alheias. A clientela é abundante, os preços são aliciantes. A palavra é uma garantia bastante quem precise de crédito. Os cheiros convidam-me a parar. Deliro com as sandes de badjia, minha predilecção. A primeira que compro vem embrulhada numa folha arrancada de um relatório. Curioso, leio o título: Gender and participation in emergency food aid. «Ironia da vida...vingança dos subalternos…?», inicio um raciocínio mecânico (viciado) que abandono imediatamente. O momento é outro, delicio-me com fartura. Trocamos conversas sobre os prazeres e tormentos da vida. Entre outras coisas, fico a saber que por ali (como noutros lugares) não faltaram experiências de aflição perante as insensibilidades da polícia camarária, bastantes para que as mulheres montassem uma estratégia segura de sobrevivência. Ao sinal de alarme, tudo desaparece num instante (até as panelas e chaleiras em fervura). A rede é sólida. O espaço está apropriado e paradoxalmente torna-se mais público. Maputos de Maputo e muito mais…!

Proposta (ressonância)

Lançamento do livro «E se eu fosse cego?» de Bruno Sena Martins, vencedor do prémio CES 2005.

Friday, May 12, 2006

Jurisposts

Neste lugar e aqui, palavras amigas (e de incentivo) a divulgar o trabalho que por cá se faz e a mostrar que certa jurisprudência (como esta) merece melhor trato entre nós. Coisas que parece não fazerem fé por cá...

Debate: desenvolvimento

Analisando os pressupostos, natureza, intensidade e resultados das interacções entre a ajuda externa, desestabilização e estratégia de desenvolvimento, Yssuf Adam faz uma importante reinterpretação das políticas de desenvolvimento de Moçambique pós-colonial e expõe os limites e contradições da historiografia oficial, dominante. Um convite para o necessário debate sobre os lugares e caminhos possíveis de Moçambique (e de África) para se escapar da «boca do leopardo» (onde quer que esta se encontre...). Recomenda-se!

Tuesday, May 09, 2006

Cumplicidades orgânicas

Aquela moça não é tua namorada?! Sempre pensei…é que a vossa intimidade é muito íntima.

Neopositivismo

- Gostas de mim?
- Gosto muito de ti
- Quanto?
- 1000
- Eu gosto de ti infinitamente...
- Gosto de coisas claras, 1000 é palpável.

Saturday, May 06, 2006

Criações simpáticas

Marracuene, Março de 2006

Friday, May 05, 2006

Bolívia (e não só)

A propósito dos comentários ao post anterior e do que se diz neste lugar e também aqui, uma formulação de Ramain Rolland, popularizada por Gramsci: há que encontrar o equilíbrio entre o pessimismo da razão e o optimismo da vontade.

Wednesday, May 03, 2006

Acabou o saque: Decreto n° 28.701

Evo Morales cumpriu uma das promessas eleitorais mais complicadas: a nacionalização dos hidrocarbonetos, pondo fim à exploração de várias empresas multinacionais, entre as quais, a Petrobras, Repsol YPF, British Gas, British Petroleum, Total, Dong Wong e Canadian Energy. O poder instituído foi abanado. O controle da produção e comercialização de petróleo e gás passa para o Estado (que participará plenamente na cadeia produtiva de hidrocarbonetos bolivianos). Invertendo os desequilíbrios até então existentes na distribuição dos lucros, o Estado passa a ter direito a 82% do valor da venda de petróleo e gás. É uma medida polémica que suscita protestos do mundo empresarial e de alguns políticos ocidentais (e provoca alguma descompostura a Lula?). Poderá ser uma decisão importante para devolver a esperança aos que durante séculos foram obrigados a adiar o futuro. Os próximos tempos serão de muita expectativa (e, certamente, também de tensão). Independentemente do que acontecer, o actual contexto político boliviano é mais uma evidência de que certas utopias têm chão. Faz-se história, contra o fatalismo inicial de Fukuyama. Um ensinamento de luta, simbolizado numa frase que ficará para a posteridade: «acabou o saque!» (Evo Morales).

Tuesday, May 02, 2006