Wednesday, May 03, 2006

Acabou o saque: Decreto n° 28.701

Evo Morales cumpriu uma das promessas eleitorais mais complicadas: a nacionalização dos hidrocarbonetos, pondo fim à exploração de várias empresas multinacionais, entre as quais, a Petrobras, Repsol YPF, British Gas, British Petroleum, Total, Dong Wong e Canadian Energy. O poder instituído foi abanado. O controle da produção e comercialização de petróleo e gás passa para o Estado (que participará plenamente na cadeia produtiva de hidrocarbonetos bolivianos). Invertendo os desequilíbrios até então existentes na distribuição dos lucros, o Estado passa a ter direito a 82% do valor da venda de petróleo e gás. É uma medida polémica que suscita protestos do mundo empresarial e de alguns políticos ocidentais (e provoca alguma descompostura a Lula?). Poderá ser uma decisão importante para devolver a esperança aos que durante séculos foram obrigados a adiar o futuro. Os próximos tempos serão de muita expectativa (e, certamente, também de tensão). Independentemente do que acontecer, o actual contexto político boliviano é mais uma evidência de que certas utopias têm chão. Faz-se história, contra o fatalismo inicial de Fukuyama. Um ensinamento de luta, simbolizado numa frase que ficará para a posteridade: «acabou o saque!» (Evo Morales).

12 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Viva o fim do saque....espero que nao venha dai novo saque...senao o jogo nao vale!!!!

12:56 PM  
Blogger greentea said...

ficamos sempre na expectativa de que a seguir não venha um saque ainda pior...
Costuma ser assim nestes paises!

9:19 AM  
Anonymous Anonymous said...

É um chão muito pequeno para aguentar o vendaval que aí vem, infelizmente.Espero sinceramente não venha aí uma chavezada.

7:28 PM  
Blogger Nkhululeko said...

Helder e Carlos, a luta é dura, sem dúvida. É apenas um passo, mas importantíssimo.
Greentea, desconheço «esses» costumes...«desses» países.

11:03 AM  
Anonymous Anonymous said...

Não há em África quem se inspire nos ventos do outro lado do Atlântico? Para que "outro mundo seja possível"...

8:41 PM  
Blogger Nkhululeko said...

Achas que o nos falta é mesmo inspiração, Hujambo? Abraço

7:24 PM  
Anonymous Anonymous said...

EH...hujambo...outra vez??? nao chegou?

1:06 PM  
Anonymous Anonymous said...

Não, Helder Ramalho, não chegou. Não houve tempo. Por isso, há que prosseguir a busca por novos caminhos, mesmo reconhecendo que as condições são outras e que contextos mudaram. Os valores, esses, não podem perder-se: a dignidade, o respeito pelo bem comum, a inclusão, a solidariedade, a participação... O liberalismo tem mais de dois séculos de existência e o que tem para nos oferecer, para além desta forma de globalização que nos pretende forçar à resignação, ao servilismo? A experiência que vivemos foi historicamente efémera e levada a cabo no meio de grandes constrangimentos. Cometeram-se erros e excessos, alguns incompreensíveis e imperdoáveis, é verdade. Mas a força colectiva que nos movia, a determinação, o sentido de construção de futuro era algo que tem de ser resgatado. É esse o exemplo que vem de Porto Alegre, de Bombay, de Bamako: a recusa de aceitar a receita única de Davos, de Bretton Woods ou de Washington... Utópico? Que seria do mundo sem utopia?

11:44 PM  
Blogger Mangue said...

Aliás, porquê deixar morrer uma utopia só porque passou muito tempo? (será que as "antigas" foram superadas ou estão diluídas na lei de oferta e procura?)

12:25 AM  
Anonymous Anonymous said...

Ok.Hujambo...concordo consigo perfeitamente!!!!mas....há um problema grave!!! os valores ,a dignidade,o respeito pelo bem comum,a inclusao ...como conciliar isto tudo com a necessidade de construir uma burguesia nacionalpara podermos ter um espirito calvinista no futuro? eu analiso sempre atendendo a um vector temporar historico!em quanto tempo se constroe uma epoca historica de um povo?
Anos ...muitos anos ...
Bem haja.

3:49 PM  
Anonymous Anonymous said...

Meu caro Helder, a "construção da burguesia nacional" só faz sentido se não acreditamos em alternativas ao sistema capitalista hegemónico. E eu acredito...
Para melhor compreender o sentido do post que estamos comentando, aconselho a leitura do texto "A história do país que quer existir", do conhecido escritor uruguaio Eduardo Galeano, que pode ser encontrado aqui: http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=11163&boletim_id=29&componente_id=464

4:03 PM  
Anonymous Anonymous said...

Carlos Indico,
o que seria uma "chavezada"???

10:44 PM  

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