Acabou o saque: Decreto n° 28.701
Evo Morales cumpriu uma das promessas eleitorais mais complicadas: a nacionalização dos hidrocarbonetos, pondo fim à exploração de várias empresas multinacionais, entre as quais, a Petrobras, Repsol YPF, British Gas, British Petroleum, Total, Dong Wong e Canadian Energy. O poder instituído foi abanado. O controle da produção e comercialização de petróleo e gás passa para o Estado (que participará plenamente na cadeia produtiva de hidrocarbonetos bolivianos). Invertendo os desequilíbrios até então existentes na distribuição dos lucros, o Estado passa a ter direito a 82% do valor da venda de petróleo e gás. É uma medida polémica que suscita protestos do mundo empresarial e de alguns políticos ocidentais (e provoca alguma descompostura a Lula?). Poderá ser uma decisão importante para devolver a esperança aos que durante séculos foram obrigados a adiar o futuro. Os próximos tempos serão de muita expectativa (e, certamente, também de tensão). Independentemente do que acontecer, o actual contexto político boliviano é mais uma evidência de que certas utopias têm chão. Faz-se história, contra o fatalismo inicial de Fukuyama. Um ensinamento de luta, simbolizado numa frase que ficará para a posteridade: «acabou o saque!» (Evo Morales).
12 Comments:
Viva o fim do saque....espero que nao venha dai novo saque...senao o jogo nao vale!!!!
ficamos sempre na expectativa de que a seguir não venha um saque ainda pior...
Costuma ser assim nestes paises!
É um chão muito pequeno para aguentar o vendaval que aí vem, infelizmente.Espero sinceramente não venha aí uma chavezada.
Helder e Carlos, a luta é dura, sem dúvida. É apenas um passo, mas importantíssimo.
Greentea, desconheço «esses» costumes...«desses» países.
Não há em África quem se inspire nos ventos do outro lado do Atlântico? Para que "outro mundo seja possível"...
Achas que o nos falta é mesmo inspiração, Hujambo? Abraço
EH...hujambo...outra vez??? nao chegou?
Não, Helder Ramalho, não chegou. Não houve tempo. Por isso, há que prosseguir a busca por novos caminhos, mesmo reconhecendo que as condições são outras e que contextos mudaram. Os valores, esses, não podem perder-se: a dignidade, o respeito pelo bem comum, a inclusão, a solidariedade, a participação... O liberalismo tem mais de dois séculos de existência e o que tem para nos oferecer, para além desta forma de globalização que nos pretende forçar à resignação, ao servilismo? A experiência que vivemos foi historicamente efémera e levada a cabo no meio de grandes constrangimentos. Cometeram-se erros e excessos, alguns incompreensíveis e imperdoáveis, é verdade. Mas a força colectiva que nos movia, a determinação, o sentido de construção de futuro era algo que tem de ser resgatado. É esse o exemplo que vem de Porto Alegre, de Bombay, de Bamako: a recusa de aceitar a receita única de Davos, de Bretton Woods ou de Washington... Utópico? Que seria do mundo sem utopia?
Aliás, porquê deixar morrer uma utopia só porque passou muito tempo? (será que as "antigas" foram superadas ou estão diluídas na lei de oferta e procura?)
Ok.Hujambo...concordo consigo perfeitamente!!!!mas....há um problema grave!!! os valores ,a dignidade,o respeito pelo bem comum,a inclusao ...como conciliar isto tudo com a necessidade de construir uma burguesia nacionalpara podermos ter um espirito calvinista no futuro? eu analiso sempre atendendo a um vector temporar historico!em quanto tempo se constroe uma epoca historica de um povo?
Anos ...muitos anos ...
Bem haja.
Meu caro Helder, a "construção da burguesia nacional" só faz sentido se não acreditamos em alternativas ao sistema capitalista hegemónico. E eu acredito...
Para melhor compreender o sentido do post que estamos comentando, aconselho a leitura do texto "A história do país que quer existir", do conhecido escritor uruguaio Eduardo Galeano, que pode ser encontrado aqui: http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=11163&boletim_id=29&componente_id=464
Carlos Indico,
o que seria uma "chavezada"???
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