Tuesday, November 01, 2005

(I)LEGITIMIDADES NA UEM

Os estudantes da Universidade Eduardo Mondlane estão divididos. Nas últimas semanas, um grupo de estudantes organizou uma manifestação, fechando as portas da universidade. Alguns protestam contra o regulamento que determina que a renovação de bolsas de estudos depende de aproveitamento em todas as cadeiras. Outros alegam que o que está em causa é a qualidade do ensino universitário. Insurgem-se contra a ausência dos professores (ocupados em tarefas muito bem pagas, nas universidades privadas ou em trabalhos de consultorias), clamam por melhor condições de estudo, exigindo tudo a que têm direito. Muitos outros situam-se entre estas e várias outras reivindicações, mas de forma subterrânea. Há ainda quem estrategicamente se remeta a um silêncio mais ou menos resignado, antes que se queime - «um gajo quer é safar-se desta merda, não me meto nessas coisas». Cada um lá terá as suas razões, sendo que esta salada autoriza-nos a suspeitar da exaltação da democracia moçambicana, com agressões policiais à mistura. Inesperada, é a posição da associação de estudantes (AEU). Nas duas últimas edições do jornal notícias, a associação publicou um comunicado, demarcando-se das reivindicações dos estudantes e das formas de luta em curso. Mais, avança acusações contra o «grupo de estudantes que protagonizou a paralisação da UEM»…«gente belicista», que supostamente «está a organizar um golpe contra a direcção da AEU». Onde é que já ouvi isto? A febre contra o inimigo, bandido de preferência, é ja uma questão ontológica. É intrigante que, em Moçambique, uma parte considerável de manifestações e greves sejam organizadas à revelia dos dirigentes associativos e sindicais. Estas (i)legitimidades de acção política bem que mereciam um estudo aprofundado…

0 Comments:

Post a Comment

<< Home