(I)LEGITIMIDADES NA UEM
Os estudantes da Universidade Eduardo Mondlane estão divididos. Nas últimas semanas, um grupo de estudantes organizou uma manifestação, fechando as portas da universidade. Alguns protestam contra o regulamento que determina que a renovação de bolsas de estudos depende de aproveitamento em todas as cadeiras. Outros alegam que o que está em causa é a qualidade do ensino universitário. Insurgem-se contra a ausência dos professores (ocupados em tarefas muito bem pagas, nas universidades privadas ou em trabalhos de consultorias), clamam por melhor condições de estudo, exigindo tudo a que têm direito. Muitos outros situam-se entre estas e várias outras reivindicações, mas de forma subterrânea. Há ainda quem estrategicamente se remeta a um silêncio mais ou menos resignado, antes que se queime - «um gajo quer é safar-se desta merda, não me meto nessas coisas». Cada um lá terá as suas razões, sendo que esta salada autoriza-nos a suspeitar da exaltação da democracia moçambicana, com agressões policiais à mistura. Inesperada, é a posição da associação de estudantes (AEU). Nas duas últimas edições do jornal notícias, a associação publicou um comunicado, demarcando-se das reivindicações dos estudantes e das formas de luta em curso. Mais, avança acusações contra o «grupo de estudantes que protagonizou a paralisação da UEM»…«gente belicista», que supostamente «está a organizar um golpe contra a direcção da AEU». Onde é que já ouvi isto? A febre contra o inimigo, bandido de preferência, é ja uma questão ontológica. É intrigante que, em Moçambique, uma parte considerável de manifestações e greves sejam organizadas à revelia dos dirigentes associativos e sindicais. Estas (i)legitimidades de acção política bem que mereciam um estudo aprofundado…
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