Metamorfoses do nada
Cada um tem o seu apeadeiro. Alguns tiveram uma viagem curtíssima, a revolução não lhes corria no sangue. Foram obrigados a sair ao encontro de uma vida burguesa e de uma utopia do quotidiano. Outros, de punhos preenchidos com legítimos ismos, prosseguiram, ávidos de transformações radicais. Desceram no lugar onde o materialismo histórico resolveu adormecer. Poucos souberam seduzir os destinos. Esses são de lugar nenhum, sendo de todos. Estão sempre de passagem na própria casa. Prerrogativas de quem é um verdadeiro paradoxo. Pertencem a eles próprios, dão-se ao luxo de ter um preço. Agora falam de justiça. Proclamam repetições em nome de transformações. Exaltam a sua própria ambivalência. Memórias, relatos, discursos, diagnósticos, péssimas repetições, desculpas previsíveis, pompas, gravatas, marcas, mas sobretudo vazios. Ausência de tudo. Que importa? Rende e rende bem. Vende-se e compra-se muito bem. Circula dinheiro, reconstituem-se influências, multiplicam-se fingimentos, alimentam-se vaidades. É o Estado de Direito. Pois, eu já devia saber disto. Estou farto!
8 Comments:
Lindíssimo texto a falar de coisas que doem. Terá a desilusão de fazer parte das nossas vidas de modo tão incontornável? Um beijo!
Antes pensava que uma sociedade sem uma razoável riqueza distributiva não podia ser democrática.Ainda acredito. Mas os tempos passaram. As sociedades com riqueza suficiente também estão a regredir na governação democrática.
Não há saida.Haver há, mas não digo.
Encherem-nos o estomago, mas esvaziaram-nos a cabeça.
compre um leao e treine-o no imaterialismo historico
(um curioso)
Obrigado Madalena. Acho havará soluções. Tenho e quero acreditar nisso.
Saída revolucionária, Carlos?
Caro anónimo (curioso), uma águia basta. Já a tenho e está treinada noutras coisas mais alegres. Os resulados virão.
Abraços
Sem conflitos sociais não há avanço civilizacional.A questão está no grau do conflito, em determinado momento.
Talvez, mais uma vez, sejam os bárbaros que tragam a ordem.
Estarei enganado ou evitas a palavra «revolução», Carlos?
Sim. Se calhar tem de se inventar uma nova palavra.
Diz-se "revolução". Significa o quê, hoje? Nada.Foi esgotada.
Esgotada porquê? Haverá melhor?
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