Sunday, September 17, 2006

Ritmos (dá-lhe?)

Há músicas que mexem connosco pelo ritmo e que nos perturbam pelo sentido que veiculam. Balançamos os corpos, conscientes da antinomia que se esconde atrás dos movimentos. Em nós também encerramos as contradições do mundo. Penso, por exemplo, na música do Ziko, maboazuda: as mulheres (boazudas, fofinhas) são a nossa perdição, irresistível tentação. Por isso, o homem nas mulheres de todas as raças…«até albina…dá-lhe!». É, contudo, uma música obrigatória para aquecer muitas das boas farras de Moçambique. Ouvi dizer que tem havido alguma discussão a propósito do tema. Tanto quanto me parece, a causa da polémica é o «até». Quanto ao resto, tá-se bem. Dramático?

5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Dramatico?? K nada...quando um certo tema da que falar e porque de certa maneira e bastante interessante, nao considero que a referida musica o seja mas e o que esta a dar e bem que gosto de abanar o corpo ao som dela. Por isso "da-lhe!". Bjs.Tuchamz

7:48 PM  
Blogger Mangue said...

Viva André,
A essa cultura de sucessiva resignação, por assim dizer, Milton Santos chamou de "normatização". Num estado avançado de normatização, de quase paralesia de pensamento, não admira que o problema esteja apenas no "chauvinista" "até". Não admira também que, por conseguinte, o sucesso seja assegurado pelo somatório (culturalmente regressiva) de eventos idiotas, que, neste caso, convencionou-se designar de música mais votada.

5:26 AM  
Blogger Pé de Tulipe said...

Partilho da angústia do André e do Mangue. Não posso concordar com a Tuchamz. É, de facto, mais fácil pensar que é só uma música que está a dar e deixarmo-nos levar no ritmo. Mas, a verdade, é que as músicas transmitem mensagens e reproduzem esterótipos quase sem se dar conta. E o sexismo, de tão enraízado (desta e de outras formas semelhantes), nem é discutido, mais grave, nem sequer identificado. Fica-se apenas pelo «até» (que não deixa de constituir um preconceito, claro): Objectifiquem-nos, mas objectifiquem-nos todas com igualdade... argh!

10:02 AM  
Anonymous Anonymous said...

kerida pe de tulipe... "objectifiquem-nos"? "igualdade"? Ups...nao sei porque mas nao aceito que me incluam no primeiro termo pois por muito que pense nao me encontro jamais nessa categoria. Qto a igualdade acho um bocado dificil que alem de nos "objectificarem" o facam da mesma forma porque apesar do mesmo sexo normalmente somos diferentes nas formas de pensar e de agir mas de todas as formas todas as tentativas sao bem vindas...acho. Bjs.Tuchamz

2:50 PM  
Blogger Pé de Tulipe said...

Querida Tucha, era uma ironia...

9:22 PM  

Post a Comment

<< Home