Veteranos
Sigo contra a corrente dos jovens, evito os enlatados musicais. Rumo ao Inguri, para o «veteranos». No percurso abasteço-me de tukwé, previno-me das restrições que o islamismo impõe. Tukwé, nome de uma formiga temível, é como foi apelidada uma cerveja alemã. Justa analogia. Bastam-me algumas para estar maningue gongondzado. No «veteranos», alguns discos de vinil, um amplificador e uma coluna rouca chama-nos para a dança. Os ritmos são fascinantes. Surpreendo-me com a mestria e cumplicidade dos pares. Reconheço, na harmonia dos passos, fragmentos de vários estilos. Uma criação invulgar de poses e movimentos. Interrogo os amigos, insistentemente procuro saber os nomes das danças: «é veteranos!», respondem-me, já impacientes. Não estou convencido, «há-de haver um nome». Percorro a sala, multiplico perguntas, cruzo respostas. Intrometo-me em conversas alheias para esclarecer a dúvida. A resposta é invariável: «é veteranos». Visivelmente atónito, acompanho o floreado. Aceito um convite afectuoso, inicio-me. Sinto-me descompassado. Não culpo a tukwé. Nunca seria «veterano».
6 Comments:
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Dança «veteranos»! Maningue nice! Não sei porque duvidaste do nome, se és sempre o primeiro a reconhecer, nas tuas antropologias, que as dinâmicas locais constróem realidades próprias e que não se deve partir à procura do que já se conhece. Um dança criada ali. Não acontece só com as justiças. Fiquei com vontade de conhecer o lugar. Iniciar-me na dança «veteranos», só, tvz, à custa da Tukwé.
Pode estar certo André, uma picada da tukwé faz dançar qualquer um: preta, pequenininha, cabeça chata e uma ferroada de fazer pular, literalmente.
Acho que ainda volto para os lados do norte para provar da bebida.
Por falar em voltar, creio que vale a pena o play no link:
http://sanzalando.castpost.com/360244.html
Abraços
Também tenho as minhas formatações, Tulipe, que me acompanham na compreensão dessas (outras) realidades construídas. Há um cepticismo (talvez estúpido) do qual não me livro. Mas lá está...a realidade local impôs-se, como quase sempre.
Espero que conheças o lugar. Bem diz o Mangue, a tukwé faz-nos entrar na dança.
Espero que voltes logo, Mangue. Obrigado pelo Link.
Abraços
Um beijo ainda meio a sorrir com a narrativa! Obrigada!
Eu é que agradeço pelas visitas, Madalena. Bj
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