Monday, April 17, 2006

Até breve senhor Ministro

Ao tomar conhecimento do problema da casa atribuída ao filho da Primeira-Primeira e ao ler a convincente justificação que aqui se apresenta, ocorreu-me (inicialmente) pensar que o que é mais triste neste tipo de histórias é perceber que se perdeu o sentido do ridículo. Mas agora, friamente, desfaço-me desses pensamentos apressados, emotivos. Dou razão aos que afirmam que a corrupção não existe, que a culpa dos nossos males é da «ajuda ao desenvolvimento» (o flagelo hegemónico dos tempos actuais). Também compreendo que o Gabinete de Combate à Corrupção se entretenha com cabritos e dvds. Reconheço que é importante sermos audazes na importação conceitos e institutos, como neste caso. Aceito que existe um só caminho e que nada nos resta senão aprender e seguir as regras de jogo da democracia. Confirmo a fé de que o resto se resolve com o tempo. Antecipamo-nos ao futuro, confiantes. Com algum desconforto, retiro os juízos iniciais, infundados. Convenço-me que obedecer às regras do jogo é um imperativo civilizacional. Por isso, brevemente apresentarei ao Ministro das Obras Públicas e Habitação a minha candidatura à ocupação da primeira casa do Estado que vagar no bairro mais luxuoso de Maputo. O senhor ministro, familiarizado com determinados direitos liberais, certamente que não estranhará que tome esta iniciativa.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

O Desenvolvimento é invio como Deus: escreve direito por linhas tortas. Amassa o pão com o suor do teu rosto e um dia, milagre: acordarás num leito de algodão e seda, largas varandas ara o Indico,3 carrões na garagem,e por aí adiante. A paciência e humildade é uma virtude maior.

12:14 AM  
Blogger Madalena said...

Dos meus tempos aí, onde nasci e vivi toda a minha adolescência, de onde trouxe as sementes da mulher que hoje sou, com uma ambição à honestidade absoluta que até me fica mal, dizia, recordo o Bairro de Sommerchield sem pena de nunca aí ter vivido, por não pertencer à classe A (como os carros e os ovos!).O sítio mais lindo onde vivi foi em frente ao Posto Médico dos Velhos Colonos, num rés-do-chão de uma casa amarelada. Fui colega de Liceu do Carlos Tajú, referido no artigo que linkas. Ele estava em Direito e eu em Germânicas, no Liceu António Enes.
Abraço grande a Moçambique que tu darás, eu sei!

12:55 PM  
Blogger Nkhululeko said...

Hum, Carlos, essa promessa bíblica já não faz tanta fé assim. O Índico lá está...um consolo que ninguem nos pode tirar.

Madelana, passo por essa casa amarelada com alguma frequência. O abraço a Moçambique está dado. Bj

10:06 PM  

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