Outras noites
Cruza a estrada. Passo tropeçado, sem pressa, entra na barraca seguinte. Um pacote de vinho debaixo do braço. Bebe como pode, até que sobre um copo. Uma frase solta chama-o à discussão. Argumenta, participa em controvérsias cruzadas. Arrasta as atenções para a política. A roda alarga-se. Os diagnósticos são consensuais, com variantes na intensidade do maldizer. Os políticos são enviados para lugares indecorosos. As intervenções e encenações geniais exigem mais algumas rodadas -«agora é que falaste!». Depois do êxtase, a barraca vai se esvaziando. À saída, ainda escapam algumas sentenças desfalecidas. Embrulha-se em argumentos mudos até adormecer. À hora de fechar, como sempre, pedirá para ficar porque lá fora o mundo é estranho…
1 Comments:
Não há maior verdade no mundo do que aquela que se carrega num pacote de vinho debaixo do braço. Achei excelente.
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