Sentidos da liberdade III
«Antigamente, eu só tinha a liberdade na boca. Estendia-a ao pequeno-almoço sobre as minhas torradas, mastigava-a durante todo o dia, levava para toda a parte um hálito deliciosamente fresco a liberdade. Descarregava esta palavra mestra sobre quem me quer que me contradissesse, tinha-a colocado ao serviço dos meus serviços e do meu poder. Murmurava-a na cama, ao ouvido adormecido das minhas companheiras, e era com a sua ajuda que me descartava delas. Instalava-a…Oh!, excito-me e perco o sentido da medida. No fim de contas aconteceu-me fazer da liberdade um uso mais desinteressado e até, avalie a minha ingenuidade, defendê-la duas ou três vezes, sem chegar, lá isso é verdade, a ponto de morrer por ela, mas correndo alguns riscos. Tem de se me perdoar estas imprudências; eu não sabia o que fazia»
Albert Camus, A Queda
5 Comments:
ALBERT CAMUS, um dos meus guias por afinidade psíquica - a angustia quase permanente enquanto tiver tempo para a lucidez e perplexidade de todos os dias - era um Pessimista. Esses fazem uma Pausa para respirar,aconselharmo-nos no silênco intimo.
Apesar de tudo, meu caro André, eu sou um granitico Optimista!!
Não sou um Determinista, mas basta comparar com a Idade Média da Europa!
Também não sou um Eurocentrista, - pensando na China e na India - mas não conheço as outras Histórias.
Nós o Povo, é a futura palavra de ordem.
As novas tecnologias de informação mundial estão a espalhar-se.
Falta só acontecer o momento histórico critico, simultaneamente com o "Entendedor" da História e a Decisão de Subverter e saltar um século.
Tudo o resto: paises, nações, estados, são provisórios mesmo por 1 ou 2 séculos. Somos demasiados apessados, julgamos a História pelo nosso tempo de vida, o que é muito curto.
hum... bom natal!!!
Lembrei-me agora: Camus nunca conseguiu ser francês, e europeu, inteiro.
Foge-me tudo o que deixo aqui... sniff...
Camus: o francês mais lido pelos franceses nos últimos cinquenta anos do século vinte...
Morreu cedo demais. Talvez pela liberdade que fazia sentido para o mais jovem laureado pelo Nobel.
Beijinhos
CAMUS era um homem em transatoriedade entre sociedades de tempos diferentes, não antagónicas, mas complentares - desejava ele.
Devia ser, queria ser,- pensamento humilde o meu,- até há pouco tempo.
Deve ter morrido com a alma solitária.
Post a Comment
<< Home