Alforria póstuma
Do distrito de Quelimane partiram muitos moçambicanos desterrados para S. Tomé e que inscreveram a violência colonial nas próprias vidas. Maquelimane é nome por que ficaram definitivamente conhecidos por aquelas terras. Não sei se por sedução do cheirinho a petróleo, foi recentemente nomeado o primeiro embaixador de Moçambique em S. Tomé e Príncipe. Por coincidência, também é embaixador em Angola. Através da RTP vejo o arauto governamental reunido com os maquelimane e a asseverar que para resolverem os seus problemas, devem estar organizados em associação. Já lá vai quase um século desde que o primeiro grupo de moçambicanos cumpriu o trajecto imperial rumo às roças. É tudo que precisavam ouvir, depois desse tempo de reconstituição das suas vidas nas condições mais adversas que se possa imaginar. As cartas de alforria são sempre arrogantes, já sabia. Afinal ainda é possível acrescentar inutilidade à arrogância. É caso para relembrar Marc Bloch: «pai, diga-me para que serve a história».
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