Friday, December 29, 2006

2007

Muito bom ano para todos!

Thursday, December 21, 2006

Sentidos da liberdade III

«Antigamente, eu só tinha a liberdade na boca. Estendia-a ao pequeno-almoço sobre as minhas torradas, mastigava-a durante todo o dia, levava para toda a parte um hálito deliciosamente fresco a liberdade. Descarregava esta palavra mestra sobre quem me quer que me contradissesse, tinha-a colocado ao serviço dos meus serviços e do meu poder. Murmurava-a na cama, ao ouvido adormecido das minhas companheiras, e era com a sua ajuda que me descartava delas. Instalava-a…Oh!, excito-me e perco o sentido da medida. No fim de contas aconteceu-me fazer da liberdade um uso mais desinteressado e até, avalie a minha ingenuidade, defendê-la duas ou três vezes, sem chegar, lá isso é verdade, a ponto de morrer por ela, mas correndo alguns riscos. Tem de se me perdoar estas imprudências; eu não sabia o que fazia»
Albert Camus, A Queda

Tuesday, December 19, 2006

Nome de chapa: Akuna Matata

Monday, December 18, 2006

Caso clínico

Ontem, trovoada e relâmpagos como nunca tinha visto. Tão lindo quanto assustador, a puxar por um pesadelo. Estamos em guerra (outra vez a guerra!), a próxima bomba é para aqui. Em aflição rastejo pelo corredor, alguém (quem terá sido?) fornece-me a arma certa: uma perna de frango. Um despertar para o espectáculo, paradoxalmente sofrido…

Sunday, December 17, 2006

Não ter árvore de Natal

«É Natal em todo lado, menos aqui em casa»
Dingane

Thursday, December 14, 2006

Nkhululeko nos Bloscares. Muito obrigado, Madalena.

Legalismos

- identificada a testemunha, cumpre-nos perguntar: jura dizer a verdade?
- jurar não posso jurar, senhor juiz.
- mas não pode jurar porquê?
- a minha religião não permite.
- mas, de acordo com a lei, tem que jurar.
- só prometo dizer a verdade.
- mas isso não chega, tem que jurar. Senhor advogado, o que se pode fazer?
- não posso obrigar a testemunha a jurar
- que tem a dizer o advogado da outra parte?
- de acordo com a lei, a recusa de juramente equivale a recusa de depoimento.
- vamos suspender a audiência, para ver se o advogado consegue convencer a testemunha a jurar.
[audiência suspensa por 5 minutos]
- jura dizer a verdade?
- juro por Jeová dizer a verdade.

Wednesday, December 13, 2006

Registos que falam por si

«Havia polícia aqui, no tempo colonial; havia auxiliares, sipaios. Foram promovidos no Ministério do Interior. Agora são agentes de investigação! […] Estamos a trabalhar na polícia. Este trabalho não só contra o bandido armado, é contra a ilegalidade, é contra o andar a prender pessoas, manter as pessoas um ano, dois, três anos sem serem julgadas. Violação da Constituição da República Popular de Moçambique. Se nós não resolvermos também o problema da ilegalidade, então não vamos combater contra os bandidos armados. Está aqui o Guebuza, é Ministro do Interior, é ele quem prende e deixa muita gente lá; está aqui o Mariano. Prende e deixa muita gente lá e esquece-se. São membros do Bureau Político»
[parte do discurso de Samora Machel, proferido na reunião com as estruturas de base da cidade Maputo, no dia 12 de Maio de 1984. Publicado na Revista Tempo n.º 710, de 20 de Maio de 1984, pp. 9-13]

Monday, December 11, 2006

Alforria póstuma

Do distrito de Quelimane partiram muitos moçambicanos desterrados para S. Tomé e que inscreveram a violência colonial nas próprias vidas. Maquelimane é nome por que ficaram definitivamente conhecidos por aquelas terras. Não sei se por sedução do cheirinho a petróleo, foi recentemente nomeado o primeiro embaixador de Moçambique em S. Tomé e Príncipe. Por coincidência, também é embaixador em Angola. Através da RTP vejo o arauto governamental reunido com os maquelimane e a asseverar que para resolverem os seus problemas, devem estar organizados em associação. Já lá vai quase um século desde que o primeiro grupo de moçambicanos cumpriu o trajecto imperial rumo às roças. É tudo que precisavam ouvir, depois desse tempo de reconstituição das suas vidas nas condições mais adversas que se possa imaginar. As cartas de alforria são sempre arrogantes, já sabia. Afinal ainda é possível acrescentar inutilidade à arrogância. É caso para relembrar Marc Bloch: «pai, diga-me para que serve a história».

Saturday, December 09, 2006

Crise identitária?

Mais uma arrumação das prateleiras dos livros. Colocar os livros de direito o mais distante possível e pôr Marta Harnecker ao lado de Fukuyama.

Wednesday, December 06, 2006

Nome de chapa II: Há problemas

Saturday, December 02, 2006

SCP-SLB

Simplesmente 0-2. Não houve jogo! Saudades do futebol de bairro...

Friday, December 01, 2006

Disfarces?

A madman’s narrative is not history (Dipesh Chakrabarty). O que o mundo perderia sem as únicas narrativas que realmente viajam…

2 da manhã

«Papá...! Anda aqui um mosquito que me está a provocar»
Dingane